domingo, 3 de maio de 2009

Memoria? peso ou escolha...

Nossa época ama jogar com contradições ou aporias. Pois ela se apresenta mais compacta e magmática (existe governo e oposição, ou não é tudo expressão de um algo indefinível?), embora isole um grupo que se obstina a pensar dentro das Instituições acadêmicas, na produção artística (mas sempre foi assim, a não ser a queda do prstígio dos intelectuais). Somos uma época que, ao mesmo tempo, quer esquecer o passado e se entrega a um paroxismo do futuro da tecnologia (tudo é diferente quando entra um novo software ou um novo aparelho) e, por outro lado, cultua a memória, faz da memória uma forma de religião: trata-se de uma forma honesta, que gostaría que os horrores do passado e, principalmente, o genocídio bárbaro e aceito universalmente dos judeus, seja lembrado. Está certo, certíssimo. Lembrar para não repetir. Chega-se, porém, à aberrações, ritualizações vazias e repetições que esvaziam a iniciativa individual. Esta forma de repetir datas e momentos - sem envolvimento emocional - pode levar a uma reação contrária: apatia, rejeição.
Nossa existência é feita de memória, nossa inividualidade também. Nós somos memória. Sem memória não somos nada. Não há consciência individual sem uma releitura do passado, sem nossa memória. Qual é a memória que podemos considerar realmente "nossa"? Quem somos "nós", que é o outro?
Memória e Literatura, portanto, andam lado a lado, pois na literatura também não existe "a literatura", ou seja "toda a literatura", mas somente aquela literatura que consideramos "nossa", que conquistamos ou por que fomos conquistados.
A memória é altamente seletiva, ela precisa de uma aprofundada análise (ou de uma forma intuitiva de apropriação) para que um texto, um tecido seja formado. A memória e a literatura - neste sentido - são sinônimos.
Andrea

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