segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Crise da Europa/ Crise do Ocidente? 
Necessidade de uma ética da leitura


A morte joga xadrez com o cruzado (I. Bergmann, O Setimo selo)
A civilização ocidental precisa rever sua história, analisar seus limites, planejar seu futuro  

Há quase 100 anos Oswald Spengler anunciava a crise do Ocidente. Haveria um ciclo que se repete na história das civilizações, com seu nascimento, apogeu e período do ocaso. Para Spengler, teve 8 grandes culturas (da Egípcia até a ocidental) e a última seria a fase da cultura russa. 
Há algo cativante nessa visão, embora ela soe esquemática. O que atrai é uma chave, uma interpretação fixa e lógica do andamento da história. 
Mas essa visão é esquemática e idealista, pois parte de uma visão da "civilização" como mistura de economía e espiritualidade e nega um dado incontrovertível: o "sistema econômico da economia eropéia", definido por Wallerstein, por sua vez acrescenta uma definição de etapas na história econômica e política, a partir da Renascença: segundo Wallerstein, o sistema mundial (o capitalismo) se organiza como uma hierarquia, e separa os países do Mundo em três camadas: centro, semi-periferia e periferia. O que é interessante e produtivo dessa hipótese de leitura é que o "centro" do sistema mundial migrou no decurso do tempo: da Holanda (cerca de 1580), á Inglaterra (cerca de 1650) aos Estados Unidos (a partir da Segunda Guerra Mundial).
Hoje, o sistema mundial está evvidentemente acéfalo, sem uma condução. Pois tradicionalmente, o país do "centro" é o que paga mais sua mão de obra, atrai mais os intelectuais (com melhores salários e maior liberdade) e se torna "moda mundial". Portanto, a crise da condução dos Estados Unidos se manifesta, sim, com um aspecto "intelectual" ou "ideológico", como Spengler apontava.
A hierarquia da cultura do ocidente -evidentemente- entra em crise, pois se o Mundo foi hegemonizado pela conquista européia, a partir de 1500, hoje é muito mais a hibridação que se manifesta, a necessidade de elaborar uma teoria do convívio entre povos, de tradições, crenças e línguas diferentes. 
Mesmo assim, há uma tradição de leitura e interpretação que pode ser utilizada, desde que ela demonstre de saber identificar a natureza da transformação atual. Uma ética da leitura é fundamental, pois somente uma análise aprofundada, um saber "escutar a voz do outro" pode promover um debate livre sobre as perspectivas.




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