terça-feira, 19 de abril de 2011

sobre Antonio Pigafetta (em português)

Projecto Pigafetta



http://pigafetta.ie.uminho.pt/index.php?projecto/porquepigafetta/



António Pigafetta, o "patrono" do projecto, foi o narrador da primeira viagem de circum-navegação à volta do mundo.

“The first circumnavigation of the globe by a sailing ship was an event much more astonishing to the minds of men in 1522 than, to the modern mind, the first orbiting of the earth by man-made satellite in 1957” (Pigafetta, 1969:1).

No século XVI, no ano de 1519, o navegador português Fernão de Magalhães, liderando uma expedição de 5 navios e cerca de 250 homens, partiu de Espanha à procura das ‘Ilhas Molucas’ (na actual Indonésia). Em 1521, após três anos desde que partiram, apenas um navio (Victoria) regressou com uma tripulação de 18 homens. Fernão de Magalhães não era um dos sobreviventes mas Antonio Pigafetta era. Para sempre, a viagem de Magalhães ficou conhecida como a primeira viagem de circum-navegação à volta do mundo e Pigafetta foi o seu narrador.

Antonio Pigafetta (ou Antonio Lombard) nasceu no seio de uma família nobre, na comuna italiana de Vicenza. Vários historiadores admitem que Pigafetta terá nascido entre 1480 e 1491, ou seja, quando se aventurou na expedição de Fernão de Magalhães teria cerca de 30-35 anos de idade.

Pigafetta descreve-se como “conterrâneo de Vicenza e Cavaleiro de Rhodes” (Pigafetta, 1969:6). Segundo os documentos históricos da altura, Antonio Pigafetta seria Cavaleiro da Ordem de S. João de Jerusalém (ou Ordem de Rhodes ) quando acompanhou o Embaixador Papal Monsenhor Chieregati à corte de Espanha no final de 1518, como seu secretário.

Foi então por volta de 1519 que Antonio Pigafetta tomou conhecimento da viagem de Fernão de Magalhães às Ilhas Molucas. O objectivo de Magalhães com esta viagem era explorar as ilhas de especiarias do território castelhano, navegando por mares que não estavam demarcados no hemisfério português no Tratado de Tordesilhas de 1495.

“Magalhães dedica-se por inteiro, juntamente com o cosmógrafo Rui Faleiro, a gizar um plano de uma navegação por ocidente, para tentar provar que as ilhas Molucas se encontravam fora do hemisfério português definido pelo Tratado de Tordesilhas (1494). (…) Com efeito, o que Fernão de Magalhães se propunha efectuar – mostrar que as ilhas Molucas se encontravam fora do hemisfério português – era um enorme desafio técnico e humano” (Camões, 2003).

Pigafetta ao ter conhecimento da viagem de Magalhães, ofereceu-se para participar e negociou junto de Fernão de Magalhães um preço para fazer parte da expedição e conseguiu ser incluído com o papel de intérprete e cartógrafo, para além de turista aventureiro e observador atento. Partiram no dia 20 de Setembro de 1519 da cidade de Sanlúcar de Barrameda (Andaluzia, Espanha) com 5 navios e 250 homens a bordo.

A expedição percorreu as ilhas Canárias, a costa da América do Sul chegando ao Rio de Janeiro (Brasil), prosseguiu para Sul, atingindo a costa da Argentina, onde Magalhães encontrou o estreito que hoje tem o seu nome, penetrando nas águas do Mar do Sul. Foi aí que apelidou o maior oceano da Terra de “Oceano Pacífico” pelo contraste evidente dos obstáculos e riscos em atravessar o Estreito de Magalhães. Também no Oceano Pacífico encontrou as “Nebulosas de Magalhães” e, finalmente, desembarcaram na ilha de Cebu (actuais Filipinas) no dia 7 de Abril de 1521.

Como membro da tripulação, Antonio Pigafetta relatou e descreveu em notas, crónicas e diários a perigosa e difícil viagem que enfrentavam (vindo a celebrizar-se por esses relatos). Pelas tempestades e aparições que avistavam, nas terras que descobriam e pisavam, nas pessoas, especiarias ou clima que encontravam, Pigafetta descreveu diariamente todas estas experiências com rigor e precisão de tudo aquilo em que a tripulação se viu envolvida durante a viagem.

“Ao ser um voluntario sem tarefas atribuídas, Pigafetta era livre de observar e registar toda a viagem em detalhe. Ele era um observador e escrupuloso registador, muitas vezes escrevendo no seu sempre-presente caderno durante a ocorrência de eventos. Aqui foram [referidas] terrae incognitae para agitar um homem da Renascença inspirados para a indústria, flora e fauna, maneiras e costumes, línguas e geografia de terras e mares que os europeus nunca tinham visto antes. Estes, juntamente com actividades náuticas e militares da expedição, são fielmente relacionados” (Pigafetta, 1969, Foreword: XI).

Uma vez na ilha de Cebu, Fernão de Magalhães viria a falecer tragicamente em confrontos com os nativos. Sem Magalhães, a armada prosseguiu em direcção a África reduzida ao navio Victoria, regressando posteriormente a Espanha, em Setembro de 1522, com apenas 18 homens sobreviventes, entre eles Pigafetta. Regressou a Vicenza na Itália para escrever os seus relatos e historias na obra "Relazione del Primo Viaggio Intorno Al Mondo" (1525).

Antonio Pigafetta viria a falecer no ano de 1534. O seu contributo foi incalculável quer para os exploradores que se basearam nos seus relatos e mapas, como por aqueles que conhecem, graças a Pigaffeta, uma das mais importantes viagens de descobrimento da História da Humanidade.



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Bibliografia

Pigafetta, A. (1986). A Primeira Viagem ao Redor do Mundo. Porto Alegre.

Pigafetta, A. (1999). Relazione del primo viaggio intorno al mondo. Retrieved 28 de Novembro de 2009.

Texto e compilação preparado por Raquel Valente.



Um comentário:

  1. Esta viagem deve ter sido inesquecível para os que a ela sobreviveram. Em tempo onde a navegação marítima se baseava nas estrelas e alguns marcos pouco conhecidos, eles devem ter navegado às cegas durante meses.
    Graças a estes homens providos de coragem e determinação extrema, devemos a eles grandes descobertas de nossa história. E pensar que muitos nos dias atuais não tem coragem sequer de encarar uma viagem de poucos quilômetros sem um GPS ....

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